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Você acredita que regionalismos afetem a característica inovadora de uma região? Será que a taxa de inovação em alimentos na indústria gaúcha é diferente da indústria de outros estados? Vamos falar com quem entende do assunto!
Hoje nós temos uma convidada especial: Carin Gerhardt trabalha na Gerência de Inovação e Tecnologia no Senai-RS, e também é “madrinha” do Instituto Tecnológico de Alimentos e Bebidas que está sendo implementado pela entidade. Por ela passam e são analisadas as propostas para o Editais de Inovação das empresas gaúchas todos os anos. Isso dá uma posição privilegiada para entender como está sendo feita a inovação na indústria gaúcha (de todos os segmentos).
E quer saber mais? A Carin é engenheira de alimentos, formada na UFRGS (a mesma linda faculdade onde essa que vos fala se formou)!
Com este olhar, ela nos concedeu uma entrevista sobre inovação em alimentos na indústria gaúcha – uma tentativa de entender que práticas, valores e características permeiam este estado.
Se você não é gaúcho e está pensando “ah, isso não me interessa, aqui é diferente”, eu lhe convido. No Brasil, temos muito mais em comum do que imaginamos à primeira vista.
Trabalho na Gerência de Inovação e Tecnologia, responsável pelas ações do SENAI-RS em Inovação e Tecnologia e pelo apoio estratégico e operacional dos Institutos de Inovação e Tecnologia do SENAI-RS. Entre 2013 e 2015, realizei consultorias junto ao Núcleo de Inovação RS do IEL-RS em Gestão da Inovação em diversas indústrias do Estado, muitas da área de alimentos e bebidas.
A indústria gaúcha possui características particulares quando comparada com o resto do Brasil, decorrente da própria história do Estado e sua colonização, as características culturais, a posição geográfica, a gestão familiar e o tipo de produto produzido por aqui.
O gaúcho em si é bastante conservador: apesar de existirem diversas possibilidades de inovação – em produto, processo, marketing, vendas –, o maior foco da nossa indústria em geral é a redução de custos de produção. Percebi isso ao longo dos diagnósticos de gestão da inovação, bem como que o tema “inovação” era ainda muito novo para os empresários e, desta maneira, isso refletia no baixo desempenho neste quesito.
Para aqueles que entendiam e exploravam um pouco mais esse tema, existe uma cultura de que o risco da inovação deve ficar somente com o governo – FINEP, BNDES, etc. -, resultando em projetos com baixo comprometimento da empresa e, consequentemente, baixo índice de inserção no mercado.
Outra questão importante é que o próprio empreendedorismo é um tema muito novo, mesmo nas universidades. Precisa ser mais estimulado.
A indústria de alimentos no RS é focada nos principais setores produtivos agrícolas, com grandes indústrias ligadas à produção de derivados de trigo, soja e cárneos. O projeto “Caminhos da Inovação na Indústria Gaúcha”, coordenado pelo prof. Paulo Zawislak, classifica indústria de alimentos e bebidas do RS como low tech, ou seja, tende a apresentar tecnologias maduras, estabilizada ou mesmo obsoletas, e de baixo nível tecnológico.
O baixo potencial de inovação pode ser observado na lista das 50 companhias mais inovadoras do Sul selecionadas pela Revista Amanhã, onde apenas uma empresa de alimentos e bebidas está presente, apesar de as indústrias de alimentos estarem entre as maiores em faturamento no RS e o Brasil estar sempre entre os maiores produtores de alimentos do mundo.
Pensando na inovação industrial em geral, a inovação na indústria de alimentos depende da capacidade inovadora da sua cadeia de suprimento, como a produção primária, indústria de ingredientes, de embalagens e a indústria de máquinas e equipamentos. Temos um ótimo parque produtivo de máquinas e equipamentos, porém vocacionado para produção de soja, arroz e trigo, sem vocação na industrialização de alimentos e bebidas com maior valor agregado.
Quanto a ingredientes, somos capazes de produzir diversos ingredientes a partir da soja, particularmente, com potencial de expansão de tecnologias para o arroz, por exemplo, considerando sua aplicação como substituto do trigo para produtos de panificação.
A produção primária também é altamente inovadora e, apesar de a tecnologia muitas vezes ser desenvolvida e patenteada por países estrangeiros, temos uma capacidade produtiva incrível.
Ou seja, há um potencial imenso pouco explorado na industrialização de alimentos no RS.
A Salton é um exemplo de empresa inovadora, familiar, que aposta em PD&I, com forte pesquisa e prospecção de novos locais para produção como a Campanha Gaúcha. Possui uma planta piloto para desenvolvimento de novos produtos e aplicação de novas tecnologias em Jarinu/SP – pertinho de Campinas, do ITAL e da Unicamp.
A Fruki também é uma empresa gaúcha, familiar, que está expandindo muito e com forte foco em inovação. Já possui 7 linhas de produção automatizadas com a capacidade de produção de 420 milhões de litros e estão implantando em Paverama-RS uma unidade de fabricação de bebidas energéticas, funcionais, sucos e chás até 2020.
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Estamos bastante longe disso, até porque um grande volume do que produzimos é soja para alimentação animal, não para alimentação humana.
São pessoas com coragem para arriscar, curiosas, empreendedoras, que sonham e veem o mundo com uma visão positiva, são ambiciosas e não se conformam com pouco. Enxergam as dificuldades como oportunidades, não como problemas, e têm a gana de irem atrás e aproveitarem para surfar no tsunami da crise, e não serem engolidas por ela.
São pessoas que essencialmente gostam e valorizam o “aprender”. Porque inovação é isso: é experimentar, errar bastante, errar pouco e acertar – e repetir isso muitas e muitas vezes!
Muitas empresas acham que sabem onde precisam inovar. Acho que aí é o maior problema, porque a empresa inicia investindo recursos e acaba abandonando o projeto ao longo do percurso ou até finaliza o produto e verifica que sua comercialização é muito difícil ou que não tem aceitabilidade no cliente.
Não adianta só desenvolver, muitas vezes precisam ser feitos muitos ajustes até colocar o produto no mercado e conseguir vender os diferenciais do produto na prateleira. Ou seja, é preciso estratégia, paciência e fôlego ao longo de toda a caminhada da inovação. A maioria não está preparada para isso.
A FIERGS apoia a inovação focada no setor industrial principalmente por meio do Conselho de Inovação e Tecnologia – CITEC, IEL-RS, SENAI-RS e SESI-RS.
O CITEC busca através da mobilização de diferentes frentes a promoção do desenvolvimento tecnológico da indústria do Rio Grande do Sul, com foco no aumento da competitividade de seus processos e no desenvolvimento de produtos de classe mundial.
O IEL-RS, com foco no Núcleo de Inovação RS, promove diversos eventos e capacitações empresariais voltadas para gestão da inovação e inovação como estratégia.
O SENAI-RS apoia tecnicamente a inovação através dos seus Institutos de Inovação e Institutos de Tecnologia. Eles oferecem às empresas serviços de desenvolvimento de projetos de PD&I, prototipagem, serviços de consultoria e serviços laboratoriais em diversas áreas, como alimentos, bebidas e fármacos, polímeros, metalmecânica, eletrônica, madeira e mobiliário, couro, calçados, meio ambiente, logística industrial, energia, entre outros.
O SESI-RS apoia a inovação através do Instituto SESI de Inovação em Gestão de Fatores Psicossociais, o qual desenvolve ferramentas, técnicas e metodologias para a melhoria das condições de saúde do trabalhador e o aumento da produtividade da indústria; através do Centro SESI de Referência em Segurança e Saúde do Trabalho (SST), que busca aproximar a indústria e a universidade por meio de pesquisa aplicada e disseminação de conhecimento em SST; e através da Escola SESI, a qual busca a formação de jovens com perfil inovador por meio de método único de ensino focado na resolução de problemas.
Carin Gerhardt é “Defensora da Inovação” e analista técnica na Gerência de Inovação e Tecnologia do SENAI-RS, na FIERGS. Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos e Engenheira de Alimentos pela UFRGS. Atua na interlocução do Edital SENAI SESI de Inovação no RS e na implantação dos Institutos SENAI de Inovação e Institutos SENAI de Tecnologia, com ênfase no Instituto de Alimentos e Bebidas. Realizou diversas consultorias para gestão da inovação na indústria gaúcha ao longo de 2014 e 2015 junto ao Núcleo de Inovação RS.
Você sabe que o Rio Grande do Sul foi eleito para receber o curso Visionários Avante! Inovação de Alimentos justamente por este cenário? Temos um potencial incrível no Estado, com uma cultura rica, cheia de boa mesa, reconhecida pelo Brasil inteiro, porém estamos longe de o estar usando nas nossas indústrias. Podemos muito mais inovando, abrindo nossos horizontes e nossas perspectivas para um mundo novo que está ali ao lado: só basta se arriscar um pouco mais.
A FIERGS é nossa apoiadora no curso através do IEL/RS, e fará uma inserção provocativa sobre futurismo no primeiro dia. Mas é segredo (não posso contar).
Vamos lá. Eu sei que você pode revolucionar o mercado de alimentos!
As inscrições estão rolando aqui.
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Sem spam. Só inovação.
Faltaram os créditos nas imagens.
A foto da pergunta 1 foi tirada por Maiko Andrade.
Favor retificar.
ótimo, Flávio! já alterado 😉